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Mais duas possíveis vítimas do treinador de vôlei denunciado por atletas por estupro em São José, na Grande Florianópolis, procuraram a Polícia Civil. Elas devem ser ouvidas na próxima semana. A delegada Marcela Sanae Goto, responsável pelo caso, ressaltou a importância de vítimas procurarem a delegacia para denunciar.
O treinador, André Testa ,é investigado por pelo menos cinco crimes, afirmou a Polícia Civil. Entre eles, estão estupro de vulnerável e importunação sexual. Na sexta-feira (5), ele passou por uma audiência de custódia e vai continuar preso preventivamente. A defesa do treinador disse que “a prisão preventiva é inoportuna e ilegal”.
As duas possíveis vítimas que procuraram a polícia são dois jovens ex-atletas. Testa é suspeito de abusar sexualmente de garotos treinados por ele.
A delegada enumerou os crimes pelos quais o suspeito pode responder.
“Ele está sendo investigado pelos crimes de estupro de vulnerável, importunação sexual, artigo 232 do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], porque ele constrangia os adolescentes perante outros atletas, o artigo 243 também do ECA, porque ele fornecia bebida [alcoólica] aos adolescentes, e o artigo 344 [do Código Penal], que é coação no curso do processo, porque ele passou a coagir as testemunhas para que não viessem prestar esclarecimentos nesta delegacia”.
André Testa foi juiz de linha nas Olimpíadas do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
Segundo Goto, o suspeito chegou a se passar por delegado, ao simular um depoimento com um dos atletas, para garantir que ele negasse que os abusos ocorreram.
“O suspeito passou a coagir as testemunhas. Inclusive, com uma testemunha, chegou a simular uma situação onde ele seria delegado e passaria a fazer as perguntas. A testemunha deveria responder negando os abusos”, diz.
As denúncias foram feitas por jovens que jogavam na Associação Desportiva e Cultural Terra Firme. As vítimas relataram que o treinador os manipulava a ponto de não compreenderem que ocorriam crimes contra elas (assista abaixo).
“Ele ganha muito a confiança e acabou abusando de mim. Eu era virgem na época. Foi a minha primeira vez”, relatou uma das vítimas.
Vítimas denunciam treinador de vôlei por estupro em SC
A primeira denúncia ocorreu em maio deste ano. Segundo as investigações, o abuso ocorreu em 2017 quando a vítima ainda era menor de idade. Depois, mais três atletas registram um boletim de ocorrência contra André. O crime mais recente teria ocorrido em abril, informou a polícia.
“Ele tinha o mesmo modus operandi. Ganhava confiança, saía para restaurantes e bares, fornecia bebidas alcoólicas para adolescentes e, posteriormente, abusava sexualmente dos mesmos”, declara a delegada.
A polícia informou que a investigação continua e que podem existir outras vítimas, não só entre atletas, mas de outros ambientes por onde o suspeito circulava.
“Já foram identificadas novas testemunhas e acredito que, com a prisão do autor, outras vítimas possam se encorajar e comparecer à delegacia de polícia para relatar os abusos sexuais”, relata.
Os advogados Leandro Henrique Martendal e Marlon Charles Bertol, que atuam na defesa de André Testa, se manifestaram por meio de nota. Confira abaixo.
“A prisão preventiva de André Wilson Testa é inoportuna, desnecessária e ilegal. A polícia apenas apresentou ilações e conjecturas e, com isso, não comprovou a imprescindibilidade da prisão preventiva, assim como não justificou o cabimento de outras medidas cautelares diversas da prisão.
André é inocente e não são procedentes as imputações. Conforme se comprovará no transcorrer do processo, há denuncismo de viés vingativo. Todas as informações colhidas até o presente momento foram produzidas sem que fosse oportunizado o direito ao contraditório.”
A Associação Terra Firme afirmou que não concorda com esse tipo de situação, nenhum tipo de assédio, físico moral ou sexual, e que prontamente afastou o técnico para que as investigações fossem feitas sem qualquer interferência junto aos jogadores.
A Fundação Municipal de Esportes de São José também se manifestou. Por nota, disse que tomou conhecimento da denúncia informalmente em maio e que notificou imediatamente os responsáveis técnicos do projeto de voleibol e o professor foi afastado.
Já a Federação Catarinense de Voleibol não vai se manifestar no momento, pois desconhece os fatos e em nenhum momento recebeu algum tipo de denúncia. E espera que tudo seja esclarecido pelas autoridades competentes na forma da lei.
A Confederação Brasileira de Volêi (CBV) enviou nota dizendo que, diante das denúncias recebidas, a CBV determinou à Federação Catarinense de Voleibol o afastamento imediato do técnico das funções, além de suspender seu registro na entidade, até que os fatos sejam devidamente apurados.
A CBV reitera que repudia qualquer tipo de assédio, e trabalha de forma incessante por um ambiente pautado pela ética e pelo respeito, e livre de qualquer tipo de violência ou preconceito.
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